Por mais que respeite outras
opiniões, o show do passado dia 5 da Smackdown em Portugal não só não desapontou como me trouxe toda uma nova dimensão, a dos house-shows que representavam a modalidade e que cativavam espectadores bem antes de qualquer televisão ou gimmick comercial.
Alertado para as diferenças brutais entre o que se vê na televisão e o que me esperava no Atlântico, embarquei céptico para o evento, acompanhado do Carlos, amigo de longa data com quem vi a explosão de ícones como Hulk Hogan, André the Giant ou o Ultimate Warrior por satélite, bem antes de em Portugal sequer se falar em
duplas patadas no peito.
O show começou à hora marcada, provando que a organização não tinha nenhuma influência nacional. Logo depois entraria o manager Theodore Long a criar pathos ao introduzir uma Battle Royal de 16 homens para discutir qual o candidato dessa noite ao título de Batista. Logo aí ficou por terra uma das impressões de que o ringue seria mais pequeno…não só os 16 matulões lá couberam todos dentro como houve mais que espaço para algumas manobras arrojadas, bem como para Kane e Chris Benoit enfrentarem sozinhos 6 heels que lhe queriam fazer a folha. Nada mais normal do que ver este primeiro acabar com uma vitória maldosa de Finlay sobre Kane que pediria vingança para mais tarde.
Um a um foram-se sucedendo os combates e o mais espantoso foi não só a entrega do público que nunca deixou de puxar e de fazer a festa, como do cariz alegórico e por vezes circense que bons performers como Vito, William Regal, Mr Kennedy, Benoit e Jimmy Wang.
Para culminar Batista contra Finlay foi um labor of love aquele público louco. O campeão venceu hipóteses inimagináveis, distribuindo spine busters a torto e a direito, enquanto 10 mil pessoas gritavam de pé muito para além do combate quando a bandeira portuguesa cobriu os longos ombros de Batista e se entoou a música de Eddie Guerrero.
Ao meu lado um míudo gritava ao pai: “Vês… o bom ganhou… às vezes não ganha mas hoje correu tudo bem!”. E foi esse mesmo o sentimento numa noite onde todos os “bons” ganharam, todos os “maus” perderam e de repente o wrestling foi um circo divertido onde performers dotados mostraram os seus truques quase saídos dos sonhos de miúdos de 5 anos que nunca se aleijam.