29 setembro 2006

A Porrada™ do dia

Robert Downey Jr vai ter cuecas de ferro



Os produtores de IRON MAN acabam de anunciar quem vai vestir a armadura do vingador dourado no filme de imagem real realizado por John Favreu (sim o cómico bronco que deu o corpo a Foggy Nelson no filme Daredevil): o mediático Robert Downey Jr.

Apesar dos imediatos gritos de horror dos fãs, a meu ver a escolha faz todo o sentido já que Downey Jr. tal como Tony Stark não se coibe de caír em vícios e problemas bem mundanos, e, por outro lado, já beijou Calista "Ally McBeal" Flockhart, por isso sabe o que é ter a pele em contacto com materiais frios, inanimados e finíssimos.

O novo Lost?



Vi esta madrugada o primeiro episódio da série que a NBC encomendou para fazer frente ao LOST da ABC.

HEROES pega em conceitos de BD como o White Event da Marvel, ou ainda Rising Stars e uns laivos de Supreme Power do argumentista J. Michael Straczynski, gerando a premissa "o que aconteceria se pessoas normais fossem agraciadas com poderes sobre-humanos.

Aspectos positivos:
*A série mantém uma frescura narrativa que ajuda a elevar o género, mesmo não remetendo para ele directamente, muito a exemplo do Unbreakable de M. Night Shyamalan;
*Ao exemplo de Lost, as personalidades díspares guiam a narrativa, o que dá carácter à série;
*O sentimento de incredibilidade pelas façanhas das personagens é genuíno e, nesta fase, não forçado, pelo que atinge claramente o pressuposto de atrair os espectadores sem os levar demasiadamente para o campo da "suspension of disbelief";
*A personagem do mangaka japonês que subitamente se vê com poderes vai fazer o gosto de todos os fãs.

Aspectos Negativos:
*Alguns dos efeitos especiais são claramente pagos com budget de televisão, o que leva a cenas mal resolvidas, quase a roçar o campo do patético, como a cena de "vôo" de uma das personagens, que parece saída de um mau episódio de "Lois e Clark: the new adventures of Superman";
*Os diálogos são mastigados, com demasiada exposição e com um toquezinho lamechas que normalmente existe na maioria de pilotos cancelados da TV americana. Pode ser que isso seja ultrapassado quando novos guionista pegarem em futuros episódios, pois às vezes o criador nem sempre é o melhor argumentista;
*"Heroes" é mesmo muito parecido com as séries de BD que mencionei atrás, algo até recentemente experimentado em TV na série The 4400 ;
*Os produtores estão claramente a contar com o proverbial "ovo no cú da galinha", avisando que este é só o início de uma saga, que é como quem diz "se isto vender bem vamos sacar o máximo de seasons possíveis e spin offs, nem que tenhamos de sacrificar o plot e tornar o conceito num prato de fast food requentada como os X-Files.

Em conclusão:
Felizmente o panorama do que hoje é descrito como ficção de mainstream continua a alargar-se. Quero acreditar que a série vai conseguir manter-se afastada de clichês e ter uma identidade própria.

Heroes não é o Lost nem nunca será, mas isso nem tem necessariamente de ser algo negativo.

28 setembro 2006

A Porrada™ do dia

Finalmente: a solução para Marques Mendes

Manhã

Abro um olho.
Ligo a TV nas notícias.
Acordo à medida que vou sendo bombardeado sucessivamente e por esta ordem com um Tsunami, uma chacina de refugiados, um louco homicida num liceu e, finalmente, um discurso de Cavaco Silva.
Foi aqui que percebi que o apocalipse está de facto cada vez mais perto. Afinal de contas, que tipo de mundo cruel é este que nos desperta para um novo dia com a funesta carantonha de Cavaco Silva?

26 setembro 2006

Metro



Quem lhe visse a pele mãos das, brilhante e luzidia apesar da tez negra, nunca imaginaria todo o sangue que lhe escorreu entre os dedos há uma vida atrás.
No Ruanda, Camarões ou Zaire, teve de olhar os anciões nos olhos e confrontá-los abertamente numa guerra que não era a sua.
O Crime e a droga compraram-lhe a comida e o conforto a que nunca teriam tido acesso se tivesse optado por ficar entre os seus.
Hoje, numa qualquer carruagem de metro em Lisboa, a comida era mais barata e a sua camisa branca sempre imaculada e perfumada. Todavia os dedos, esses, nunca perderiam a sensação do que foi um dia ter o sangue de crianças inocentes a escorrer em catadupa numa sinfonia de gritos e medo… por mais brilhante e luzidia que fosse a pele das suas mãos.

A Porrada™ do dia

25 setembro 2006

Toy Dolls...

...na Banda Sonora.

No século XXI



1- O anónimo será a maior estrela mundial,
2- a vida será a maior das ficções,
3- o vídeo caseiro será o substituto do celulóide,
4- a webcam será o psicólogo de todos,
5- o nada será tudo.

21 setembro 2006

A Porrada™ do dia

As Manobras contra-atacam



Mais um sketch que escrevi para as Manobras de Diversão e que tem o condão de finalmente tratar a justiça portuguesa com o respeito que lhe é devido.

Agenda para os próximos meses



A pergunta que se impõe é: ecletismo ou esquizofrenia?

20 setembro 2006

A Porrada™ do dia

Bow down to the King



Há música de fazer crescer cabelos no peito e grunhir de contentamento másculo (ou não) na secção Banda Sonora.

Metro



A hora de ponta já tinha passado e isso era bem evidente na descontracção da mulher que lia calmamente um livro de apontamentos.
”Mulher” seria neste caso apenas uma aproximação optimista, uma vez que o seu cabelo ralo e branco, a sua expressão austera e queixo proeminente faziam-na por vezes mudar de sexo, consoante o ângulo em que se a observasse.
Pelas calças curtas pela canela e blusa fina especular-se-ia que trabalhava numa repartição pública sem ar condicionado, optando por tentar manter-se ingenuamente fresca mesmo quando toda a gente sabe que é impossível fugir ao calor de uma vida de trabalho sem sentido.
Pelo avançado da hora teria tirado uma folga. Talvez até aproveitado para tratar dos assuntos do filho pelo qual tinha sacrificado uma existência ao lado de um homem que a tratava como um animal de estimação: uns dias com festas e outros a pontapé.
Agora, ali no metro, já sem marido e sem o respeito do filho por todas as concessões e sacrifícios, suspirava surpreendentemente de alívio a ler o seu caderno talvez de poesias, talvez de sonhos, ou até talvez de especulações sobre se seria possível recomeçar uma vida aos 55 anos de idade.

18 setembro 2006

A Porrada™ do dia

Cheira-me a Manobras de Diversão



Um dos programas para o qual mais gozo me deu participar como guionista foi as Manobras de Diversão. Assente num formado criado para espectáculos ao vivo na feira do livro e depois no teatro, em fins de 2004 as Manobras mudaram-se para a TV de armas e bagagens usando um híbrido de sketches, stand up e canções para satirizar a realidade contemporânea.

Apesar de contar com o contributo dos grandes Bruno Nogueira, Marco Horácio e Manuel Marques (entre outros), mais uma vez os horários irregulares e a competição com ratings de reality shows ditaram o fim prematuro de uma série que agradava a muita gente.

Espreitem acima um dos sketches escritos por mim e que, curiosamente ou talvez não, ainda permanece super actual!

O bom, o mau e o Hex




Jonah Hex é uma pérola no mercado actual dos comics.
Apostando no formato western há muito desprezado pelo mainstream, apresenta não só um leque interessantíssimo de histórias auto-conclusivas que atravessam muitas vezes as barreiras convencionais de sub-estilos como o terror ou o comic de guerra, conseguindo e muito bem perpetuar o mito do próprio Hex gerado por alguns dos melhores criadores em meados dos anos 70.

Nesta nova colecção com argumentos a cargo de Jimmy Palmiotti e Justin Gray, a grande surpresa acaba por ser não só a já referida consistência conceptual, como ainda o uso de grandes nomes actuais e clássicos na arte de bem desenhar a toda a prancha.

Todavia, as novidades não se ficam por aqui. Marcando o fim do 1º ano de reactivação do título, a DC anunciou um épico especial para os nºs 13 a 15 da série, apresentando não só pela primeira vez a "origem" motivacional do duro caçador de recompensas sulista, como ainda marcando o regresso do histórico artista espanhol Jordi Bernet ao mercado americano e aos estilo western.

Para mais detalhes e exemplos do que aí vem, conferir a entrevista com os argumentistas aqui.

16 setembro 2006

Porrada™ de Sábado à tarde

O espelho do outro lado

"Porquê?" - perguntei eu a mim mesmo.
Só que, ao contrário de todas as outras vezes, a resposta surgiu clara e rápidamente, na forma de um rotundo: "Porque mereces!"

15 setembro 2006

A Porrada™ do dia

A propósito de "Loose Change"



A minha opinião é a de que os mesmos acontecimentos podem ter pontos de vista bastante diferenciados.
O 11 de Setembro ora pode ser a risada estúpida de uma mulher embasbacada por um carrocel louco e por um governo demasiado exposto pelo tigre de papel que é a ponto de querer esconder tudo e mais alguma coisa, ou então a mesma viagem pode ser de puro pavor para um puto gordo e para os adeptos da conspiração que vêem bosta de cão onde quer que pisem.

O meu conselho: tudo é relativo menos a nossa própria opinião.

14 setembro 2006

A Porrada™ do dia

Metro



Todos os dias se viaja no metro sem saber quem vai ao nosso lado.
Hoje abri os olhos e era um homem com 40 anos, franzino, de cabelo curto e bigode.
Usava um colete bege dois números acima do que devia, concerteza para suportar um maço de SG Gigante que ostentava no bolso junto ao peito...como uma pistola pronta a disparar.
Aparentemente olhava pela janela mas o que via era um mistério, já que os olhos moviam-se com intensidade e medo, perscrutando algo bem mais curvo e escuro do que as paredes do túnel que corria cego.
Às tantas reparou que eu o observava e o medo pareceu querer saltar-lhe dos olhos cá para fora.
A voz com o travo almiscarado a mecanização anunciou as Laranjeiras e ele despertou da espécie de pesadelo em que tinha mergulhado, voltando a afundar o olhar na janela da carruagem.
O que será que o assustava?
E porque usaria ele um relógio de mergulhador?

A queda de um anjo



Aparentemente nem a música dos Delfins conseguiu fazer tanto mal à fama dos anjos deste e de qualquer plano existencial do que a série "Anjinho da Guarda" criada por mim e pelo Miguel Braga.

Criada em 2004 com produção executiva da ETIC e SIC Radical, "Anjinho da Guarda" seria a série com mais sangue, vísceras e piadas de mau gosto da televisão portuguesa, isto claro se excluirmos a famosa novela dos anos 80 em que o Caniço cortou o coiso...

Apesar do seu caracter experimental e falta de apoio das entidades instaladas no campo da animação Portuguesa, o Anjinho da Guarda provou que é possível fazer este tipo de produções por cá...o que até deixaria certos produtores irritados pelo pressuposto "barato" com que se fez a coisa.

Vejam ou revejam todos os episódios e as várias facetas da produção da série aqui e não se esqueçam de convidar as crianças e os avózinhos.

13 setembro 2006

A Porrada™ do dia

O mundo, Johnny Cash e os Zombies



A propósito da nova música a correr na secção Banda Sonora, da autoria do falecido Johnny Cash, ocorreu-me a grande montagem de Zack Snyder para o genérico do remake de Dawn of the dead.

Como podem testemunhar, as palavras roucas e queimadas pela vida do velho Cash, misturadas com as fortes imagens de violência têm um efeito no mínimo arrasador, sobretudo se pensarmos que a maioria não pertence a qualquer filme de Zombies mas sim à galeria diária de um qualquer telejornal.

É com este som e com estas imagens que tudo bate certo, que tudo faz sentido: o filme original de George Romero era uma paródia à crescente sociedade de consumismo dos anos 70, enquanto a versão mais recente é um documentário do mundo infectado pela doença, terrorismo e violência que nos faz a todos zombies.

"The man comes around" indeed...

Sem comentários mas com sabor a leitão de negrais...

12 setembro 2006

A Porrada™ do dia

A mulher interruptor



On.
Off.
On.
Off.
On...Off.
A mulher interruptor hoje quis, ontem não.
Certas vezes era sábia, outras uma fêmea canhão.
Rasta por conveniência, yupie por convicção, morreu sem se decidir, se por fome ou auto-comiseração.

Acabou a guerra!



Agora sim! De acordo com meios de comunicação de todo o mundo, o Presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, presidiu ele mesmo à abertura da primeira fábrica de Coca-Cola no país, passados que estão dez anos da destruição da única que por lá havia às mãos dos Talibãs.

No universo Star Trek existem os Borg uma raça de cyborgues que conquistam, assimilam e adaptam todas as raças por onde passam às ordens e princípios do seu colectivo.

Ora George W. não é um cyborgue, nem provavelmente tem inteligência para ser sequer uma máquina de picar bilhetes do metro, mas a verdade é que, no caso do Afeganistão, e do mundo em geral, apetece dizer: resistance is futile...

11 setembro 2006

A Porrada™ do dia




Sete em cada oito médicos recomendam Porrada™ para alegrar o dia*. Fazendo verdadeiro Serviço Público, o Sem Comentários começa hoje a pagar a sua dívida à sociedade pagando em suaves prestações diárias de Porrada™.
Coma Porrada™ você também!

* - o oitavo só não o faz porque provavelmente abusou da sua dose diária de Porrada™.

9/11



O mundo dele desmoronou-se por completo naquele dia.
Há cinco anos atrás viu-a pela última vez naquela manhã em que o sol já ia alto apesar da precariedade da manhã.
Trocaram palavras com o sabor das borras do último café de uma tasca de segunda categoria, esquecendo-se de refrear sentimentos que nem eram bem seus.
O bater da porta marcou a saída dela e simultaneamente o primeiro passo dele num deserto de saudades e pesadelos recorrentes.
À noite, só, procurou conforto no rosto brilhante de uma amante chamada televisão, mas esta apenas zombou dele com relatos intermináveis de umas torres que, algures, tinham caído.


foto da colecção Shattered para a "Time Magazine" por James Nachtwey

Aronofsky perdido?



Mantém-se de a possibilidade de Darren Aronofsky realizar um dos episódios da série "Lost".
A meu ver, o realizador de PI e Requiem for a dream é hoje não só um dos realizadores mais promissores do género fantástico, como ainda um dos storytellers mais dotados ao nível da exploração dos desejos, medos e intrincâncias humanas das personagens.
A confirmar-se este "casamento" de um realizador de culto como Aronofsky com a série que veio revolucionar a ficção televisiva mundial, dando crédito a um género normalmente conotado de "série B", seria igualmente a prova que hoje, mais do que nunca, os fenómenos mediáticos não estão confinados a qualquer tipo de média ou criador, mas sim à aceitação de um público.

Entretanto, Aronofsky prepara-se para estrear a sua mais recente incursão cinematográfica, The fountain , nas telas de todo o mundo. Um dos primeiros sinais positivos de que pode ser mais um projecto impar é o de ter sido arrasado pela crítica americana, o que normalmente auspicia boas coisas para quem gosta de bons filmes. Confiram o trailer de "The fountain" colocado no início deste post.

10 setembro 2006

Turno da Noite: o blog de produção



Concluida recentemente e aguardando data de exibição na RTP, "O Turno da Noite" é uma série de animação concebida e escrita por mim com grafismo e realização do Carlos Fernandes.
Atendendo à curiosidade gerada por este projecto, iniciámos um
blogue de produção que falará não só das várias etapas pelas quais o projecto passou, mas também contará as nossas influências e ideias nunca usadas, aproveitando aindapara mostrar vários clips e "animatics" exclusivos.

08 setembro 2006

Finalmente: como "Superman, the movie" devia ter acabado!



Até que enfim alguém que tem coragem para dizer o que devia ser dito: os argumentistas profissionais são uma corja! O verdadeiro poder de contar as grandes histórias deveria ser deixado aos fãs que, laboriosamente, abdicam de qualquer vida pessoal e trabalham incansavelmente, muitas vezes em caves bolorentas na casa dos seus pais da qual não saem há 20/30 anos, criticando e examinando a realidade tal como ela é em foruns e mailing lists.

Observem como mais produções icónicas deviam verdadeiramente ter acabado aqui .

07 setembro 2006

Mais uma inovação de Scott McCloud



Scott McCloud pode ser considerado como um dos mais visionários criadores de Banda Desenhada do mundo, não só pelas suas obras de desconstrução e interpretação da chamada "9ªArte", como pelo experimentalismo assumido em muitas das suas obras, quer ao nível artístico quer conceptual, nomeadamente pelo estabelecimento das BD's completas feitas em 24 horas.

Agora, a propósito do lançamento do seu novo livro making comics , McCloud (não confundir com o imortal MacLeod que gosta de cortar cabeças à Katanada) não só se propõe apresentá-lo pessoalmente numa tour pelos 50 Estados Unidos da América na qual levará toda a família atrás, como ainda comentar esta mega operação num inovador podcast familiar, cujo primeiro capítulo pode ser ouvido aqui.

06 setembro 2006

Por falar em Steven Colbert...



Juntem uma personalidade tipo..."digo o que quero mesmo que seja a maior idiotice do mundo pois é assim que os americanos são"...a um choque visual e sonoro à anos 80 e...não é preciso dizer mais sobre as razões que levaram este senhor a conquistar o direito de sair do "Daily Show" e a ter o seu próprio programa.

O neo-humor americano

Um dos paradoxos da humanidade é o de normalmente revelar grandes mentes nos momentos de maior crise.
O humor americano, graças ao cheque em branco passado à humanidade pela administração Bush, vive muito por isso um dos seus mais prolíficos momentos de sempre.
Há muito que não se aliava inteligência a um sentido natural de humor como se verifica em grandes vultos como Conan O'Brien, Jon Stewart, Jack Black, Steve Carell, Will Ferrell e Steven Colbert.
Se o sucesso destes senhores já não passa ao lado de ninguém, talvez se imponha a a questão: porque é que em Portugal há tão poucos humoristas inteligentes, se a crise dura há vários séculos?