31 outubro 2006

Conto de Dia das Bruxas

Uma overdose sensorial despertou-o para o holocausto zombie que prometia ser o resto da sua vida.
O cheiro a morte assolou-o como um gongo daqueles filmes chineses de kung fu de qualidade duvidosa. Num acesso de lucidez percebeu que o cheiro emanava de si mesmo e que o homem com a cara em carne viva à sua frente lhe sorria como quem lhe dava as boas vindas à família.
Fechou os olhos quando um exército de crianças com os olhos cheios de crostas e podridão lhe pediram de comer, mas por mais que o tentasse evitar sabia que aquela era a sua realidade de agora em diante.
Espreitou para um espelho não tivesse por ele caído, qual Alice entediada. O que viu era no entanto irreversível: ele era um deles, morto há muito, mas só agora capaz de o aceitar.
Tentou chorar, mas tudo o que conseguiu produzir foi um ruído engraçado da sua traqueia dilacerada e expulsar um pequeno verme que se alojara no seu duto lacrimal.
Vendo aquela lágrima branca e nojenta arrastar-se lentamente pela sua face abaixo, encolheu os ombros e juntou-se aos outros, afinal – com um pouco de hábito – descobriu que o sabor a carne humana até se poderia tornar bastante agradável.

Musica nova...

...na Banda Sonora para lembrar o Halloween há uns anos atrás em que uns putos chungas de uma pequena cidade do Ribatejo se partiam a tentar fazer truques de skate ao som de mau heavy metal.

A minha abóbora



Happy Halloween!

29 outubro 2006

Porrada™ de Domingo à noite


Agora com ainda mais Porrada™:

Quem são os muse...?

Muita gente me fez esta pergunta quando disse que fui ver o concerto no campo pequeno da passada 5ª feira.
Pois bem, os Muse são um furacão em palco pelo perfeccionismo da interpretação, valores de produção e capacidade de crescimento.
O concerto do Campo Pequeno está no topo dos melhores que alguma vez vi, e não me admiraria que o amigo Bellamy e sus muchachos fosse apelidados de maior banda do mundo em 2/3 anos.
Isso responde à questão?

20 outubro 2006

Vejam quem veio comer queijadas




Preview de Daredevil#90, escrito por Ed Brubaker que, precisamente há um ano atrás rumou por estas paragens a propósito do seu estatuto como convidado do Festival de BD da Amadora. CLIQUEM NAS IMAGENS PARA TER ACESSO A VERSÕES MAIORES E LEGÍVEIS.

Mourinho: o segredo!

Tive a sorte de apanhar esta emissão secreta durante uma conferência de imprensa pós-jogo do Chelsea:

19 outubro 2006

E se toda a gente gostasse um bocadinho de ler?



Há perguntas que por mais que nos queiramos abstrair nos marcam com a candura de um tiro no peito.
Há autores que têm o dom de marcar tudo o que fazem com a honestidade da sua entrega fora do comum. O Rui Cardoso Martins é um desses autores que não só marca o nosso país ficcional com Conversas da Treta, Contra-Informações e Crónicas Públicas, mas ameaça também espalhar o terrorismo em forma de ideias que marcarão todas as vítimas/leitores.
É como vítima potencial e admirador que estarei hoje, dia 19 de Outubro, às 18.30 na Fnac do Colombo, a assistir ao lançamento de "E se eu gostasse muito de morrer".

13 outubro 2006

Nova Banda Sonora



Cowboys, kung fu, astronautas e raios laser.
A homenagem dos Muse ao Sem Comentários na Banda Sonora

12 outubro 2006

A Porrada™ do dia

O melhor videoclip de sempre...



...faz-nos concluir que:

-José Cid tem olhos,
-José Cid era parecido com o "menino Nelito",
-Londres gamou a ideia dos autocarros com dois andares a José Cid,
-Benny Hill gamou a maneira de filmar os sketches a José Cid,
-José Cid é DEUS!

A Porrada™ do dia

11 outubro 2006

Paz e amor ou a razão porque há Deus no céu e Tarantino e Rodriguez na terra



Grindhouse, a homenagem de Tarantino e Rodriguez aos exploitation films!

P.s- não sei porquê faz todo o sentido ver o Sayid "Lost" entre um bando de zombies canibais dos anos 70...

09 outubro 2006

Warcraft Vs South Park...ou a história de umas pessoas que eu cá sei...



mas a vingança serve-se com pizza fria...e uns quilitos a mais:

A Porrada™ do dia

A resurreição do modelo SNL...que durou pouco

Apesar da falta de tradição no nosso país, programas como o Saturday Night Live ou Mad TV elevaram o estatuto do sketch interpretado por grupos de actores que funcionavam numa lógica aproximada de companhias de teatro, e que deram ao mundo talentos como Chevy Chase, Eddie Murphy, Bill Murray, ou, mais recentemente Will Ferrell, Mike Myers e Adam Sandler.
Interessante é porém reparar que às ganas criativas do início deste tipo de projectos, e ao seu auge de gags cheios de nonsense e um avantajado par de testículos, se passou em meados dos anos 90 por uma seca que dura até hoje de actores medíocres, piadas repetidas até à exaustão e uma confrangedora falta de coragem em atacar certas figuras.
Se muito pode ser atribuído à presente versão da queda do império romano-americano, às mãos do louco incendiário Nero-Bush, também é verdade que a exigência do público foi sendo cada vez menor numa sociedade mediada por baixos patamares culturais e críticos.
Mas como nem só de exaustão e gerações xunga vive este nosso mundo, uma das melhores coisinhas a sair da MTV enquanto produtora de conteúdos nos anos 90 foi a série The State, que voltou a pegar na comédia de sketches feita in-house por uma companhia de actores saídos de clubes de comédia e do improv-stand up novaiorquino que teve o condão de explodir convenções e explorar gags e punch lines bastante ousadas. Infelizmente a MTV na altura não tinha a abrangência que tem hoje, e o programa, assim como o grupo, viriam a desvanecer-se nas malhas do esquecimento, deixando no entanto grandes malhas como esta…

06 outubro 2006

A Porrada™ do dia

Metro



Ela era tudo.
De lenço no pescoço, ombros à mostra e calções curtos, ocultava o olhar com óculos escuros que mantinham o mistério da direcção do seu olhar.
Os longos cabelos cor de breu contrastavam com o branco cuidado das unhas, numa combinação fatal.
Homem ou mulher, ninguém a ousava olhar de frente. Porém, todos sabíamos que não havia ninguém na carruagem que não estivesse a observar todo e qualquer contorno seu.
Neste estado de embriaguez colectiva, ninguém sabia muito bem onde estávamos quando o assobio mecânico anunciou a chegada à estação e ela saiu.
Percebendo a custo quão fugaz é um vislumbre da perfeição, todos tentámos reagir como se a realidade não fosse um fardo. Ao fundo, um padre voltou a calcular mentalmente o que faria quando fosse acusado de pedofilia, enquanto que um idiota mesmo atrás de mim se lembrou de tentar impressionar a amiga com detalhes sobre a mordida da cobra que havia comprado no mercado negro.
Junto a mim, uma mulher tentou ler o que escrevia. Subitamente desviou o olhar, não sei se por se ter apercebido que outra mulher a deixara tão atraída, ou pelo facto de eu o ter gravado para a posteridade nestas frases.