26 setembro 2006

Metro



Quem lhe visse a pele mãos das, brilhante e luzidia apesar da tez negra, nunca imaginaria todo o sangue que lhe escorreu entre os dedos há uma vida atrás.
No Ruanda, Camarões ou Zaire, teve de olhar os anciões nos olhos e confrontá-los abertamente numa guerra que não era a sua.
O Crime e a droga compraram-lhe a comida e o conforto a que nunca teriam tido acesso se tivesse optado por ficar entre os seus.
Hoje, numa qualquer carruagem de metro em Lisboa, a comida era mais barata e a sua camisa branca sempre imaculada e perfumada. Todavia os dedos, esses, nunca perderiam a sensação do que foi um dia ter o sangue de crianças inocentes a escorrer em catadupa numa sinfonia de gritos e medo… por mais brilhante e luzidia que fosse a pele das suas mãos.

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