18 dezembro 2008

A gata


Desceu com suavidade aveludada os degraus que nos separavam.
Deteve-se entre o infinito espaço de dois milionésimos de segundo e ronronou um ronronar que queria dizer alguma coisa.
Aproximei-me, tentando perceber que língua seria aquela quando flectiu os músculos dos membros anteriores e me saltou para o peito de garras brandidas.
A vertigem apoderou-se de mim.
Seria desfeito?
Esfarrapado?
Feito em bocadinhos?
Não. Afinal só queria uma festa.

©ND, 2008

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