28 novembro 2011

O assassino que se perdeu no Carnaval

Era o melhor dos melhores.
Fulminava centenas de milhar de figuras com os fogos flamejantes da sua farta mente.

Foi no meio de uma missão de morte e comiseração que conheceu a mais encantadora de todas as suas vítimas.
Ela morria como ninguém, ora cravejada de cruéis cunhas sanguinárias, ora de oblongos obuses homicidas.
Ali, estendida, sorria a cada morte, sangrando com uma verve escarlate sem igual.

Tolhido pela concepção da sua vítima ideal, ele ocorreu no erro típico de quem julga feitiçaria funesta por magia mortal, passando a matá-la de acordo com os próprios sonhos suicidas, em vez da sua típica técnica terminal.
Espantado, percebeu que ao fazer-lhe a vontade ela deixara de sentir qualquer malograda morte ou simples mal. Levantou-a do chão e tudo o que restara dela era uma máscara, um fato vazio que aparentava gostar de morrer mil vezes, mas que afinal estava oco de ornamentos ocasionais, e que prezava apenas a vida como todas as demais.

Desesperado, trocou a sua pele pela dela, esquecendo-se como voltar a matar.

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